quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Mais uma de Amor...

"Não costumo brincar com palavras, apesar de elas teimarem comigo mesma. E nesse jogo de astúcias e exageros, ponho-me a distrair todas as tardes. É alarmante o poder com que elas me atingem e fazem-me escrever mais e mais... No meio do devaneio tácito que apenas eu presencio, penso em ti. Aproveitando-se do meu momento de sonho, as palavras chantageiam minhas mãos sobre o teclado e me fazem confessar, como uma refém indefesa, todo amor que sinto por você.


Sinto uma grande felicidade ao recordar o dia em que nos entregamos um ao outro pela primeira vez, através de um beijo implícito e suave, que adocicou nossos lábios. Havia um cheiro de cerveja no ar, a música era gritante e as pessoas balançavam-se num ritmo exagerado de sensualidade. Era carnaval. Bem, nem todo primeiro encontro é como nos filmes e romances idealizados. Mas lá estávamos eu e você: prontos para nos encontrarmos, para sentirmos uma alegria passageira, para a doação de um carinho mútuo. Foram quatro noites e a vida inteira.


Entre brincadeiras e desencontros, desesperanças e fortes desejos de estar um ao lado do outro, engatamos numa relação de conquistas e crescimento. Adquirimos cumplicidade, respeito, manias, carinhos, vontades de construir planos. Eternizamos nossas vidas em retratos, num chaveiro de pelúcia, numa música sincera, num torpedo que já foi apagado, numa tarde comprida, numa praia deserta, numa noite à luz da lua, num dvd emprestado, num frasco de perfume, numa camisa amassada, nas cores das manhãs, no verde das plantas, no gelado da madrugada, num pedacinho de papel, na página do caderno, nas abas dos livros, nas sobras de comida, na salada fria, no refrigerante quente, na imagem da webcam, na caricatura de um desenho, nos Nãos, nos Sims, nos medos da noite escura, nos sonhos mais estranhos até nos mais cotidianos, em críticas das conversas, nas angústias recém-formadas, na briga sem motivo, no pedido sincero, na aceitação oculta, na busca por primavera, na esperança travestida, na fraqueza da indiferença, na força do otimismo, no olhar avassalador... Nas reticências futuristas, no cheiro do corpo, no cabelo embaraçado, na barba controlada, nas risadas sem motivo, nos sucos de laranja, numa dança sem compasso, num tom imaginário, na modéstia convencida, nas sentenças prévias, nos gostos ruins vetados, no jeito de só querer bem, naquele silêncio barulhento, na crise de saudade, no abraço por telefone, na mordida sigilosa, nas mãos gêmeas, nos atos de preocupação, na massagem carinhosa, no bilhete que não foi entregue, na maresia que toca os pés na praia, no vício não descoberto, na tolice dita numa hora de descontração, na verdade de saber dizer a verdade, na fidelidade exigente, na brisa suave em algum lugar no tempo, nos lábios embriagados, nos corpos apaixonados... Num baú aberto ao público.



Há quem diga que eterno não é pra sempre. Eu acredito que eterno é fazer ser pra sempre. Espero que o tempo siga as nossas instruções, que tenha fé na nossa paixão, que nos dê juventude e uma velhice inteira para relembrar, para que possamos viver de novo e assim não viver só uma vez.






Se o meu veredícto é amar, nunca serei absolvida..."

2 comentários:

  1. aah o amor...
    lindo esse sentimento!
    Parabéns!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  2. lindoo o texto me arrepiei lendo muito bonito mesmo transcende o sentimento da alma...


    Eu não estava conseguindo acessar seu blog :/ agora entrei normalmente.




    bjosss

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