quarta-feira, 1 de abril de 2009

Amo você desses tantos modos



Amo você com a respiração, com o corpo, com lágrimas, com meu casaco lilás de algodão, com minhas botas de chuva, com chuva na janela, com a lua que eu queria ver e não apareceu, com gosto-de-quero-mais na boca sempre que me despeço de você no meio da minha rua deserta por onde você vai embora toda vez que vem me ver, e eu te amo quando tô comendo brigadeiro na panela, quando assisto meus programas favoritos, quando passo noite em claro, quando morro de sono, quando durmo sem sentir, quando sonho com você, naquele ônibus lotado no fim de tarde quando eu o apanho pra voltar pra casa, quando tomo banho, quando escuto minhas baladas bregas e quando escuto nossas tantas músicas de amor, quando saio com minha irmã, quando converso com minhas amigas sobre casamento, quando faço planos de futuro contigo, quando digo que não gosto do nome que você quer dar ao nosso filho, e rio, e quando te beijo de levinho, e quando te desejo, quando você me ama, quando faz sol e calor, e mesmo assim eu não te amo menos.
E eu amo tuas caras de menino pidão, gosto do seu cheiro de menino que tem pressa de tomar banho, gosto do cheiro do seu pescoço, da saliva, do suor, gosto de como você se preocupa comigo, gosto quando diz que sente medo de me perder, amo teu perfume morando nos meus sentidos, gosto de ver todo dia o primeiro presente que você me deu, gosto de ainda lembrar o que você me disse quando me entregou, meio desajeitado. Amo o teu modo lilás de encontrar meu pé gelado e minha orelha de arrepio, e o sabor azul do teu beijo nos meus lábios pequenos, o teu modo mansinho de me cutucar, e o jeito feliz do teu rosto quando vê o meu. Eu gosto, mesmo desgostando, quando você chora, sem medo de parecer fraco na minha frente, e me parece tão forte!
Eu amo você. Amo tanto o modo subliminar com que você fala, até mais que eu em alguns momentos, e eu te sinto tão perto, tão parecido comigo, fazendo mimetismo de amor numa camiseta alaranjada, e acho lindo o modo como você se irrita com a minha surdez-de-velha ao telefone, e gosto do seu ciúme bobo, de como você me protege, de como você tenta me proteger de longe, eu amo até o que eu odeio em você, não sei porquê. E o modo como você trata minha mãe, e toda minha família, até meus bichos. E como você me ajuda quando eu peço, e o jeito doce com que você dorme. Eu adoro o modo como a temperatura do teu corpo se ajusta ao meu, e a meiguice dos teus olhinhos infantis, e o cansaço dos dias neles, que me impedem de te ver. Amo a tua respiração na minha. E as duas tequilas que eu tomei ontem pensando em você. O modo como você tá marcado em mim é impressionante! Odeio esperar pra te ver, odeio mesmo quando você some, mas gosto sempre de lembrar a fragância do seu perfume. Quero sempre esquecer um pouco, mas lembro agora, lembrei antes e vou lembrar daqui a pouco como eu sou louca por você, e o meu sangue vai ferver outra vez, tentando abstrair o vão nos meus lençóis, o espaço vazio no travesseiro. Eu amo o teu jeito tão teu, porque eu amo o teu narizinho e os teus dedos, o teu peito, o teu modo, moço, o teu gosto, o meu cabelo no teu rosto, tua boca na minha orelha, nesse encontro dançante. Queria o pedaço do teu biscoito de creamy mousse hoje de manhã, porque eu amo você. Amo tanto, dos todos infinitos modos que a gente sabe ser, amo você desses tantos modos!




Valdeline Barros

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