quarta-feira, 26 de agosto de 2009

* NR *





Como de habitual, eles ficaram mais silenciosos quando o fim do dia se aproximou.

Mesmo depois de tantos domingos ainda não haviam se acostumado com as despedidas.

Aquela hora do dia sempre doía.

E não havia como negar.

Ele pensou em deixá-la ver o bilhetinho que tinha escrito num guardanapo amarelo

(que sua mãe havia comprado pra combinar com os azulejos cozinha da casa)

... mas quando o pai dela chegou pra buscá-la de carro não deu tempo. Só foi um selinho e um "tchauamorteamomuito" ligeiro assim.

Ele era assim, meio devagar, quase parando.

Subiu a curta escada, entrou no elevador, tirou a carta do bolso a cartinha e releu sozinho suas próprias palavras.

Estava escrito assim, logo após o desenho de um símbolo que costumava desenhar juntando as letras iniciais dos nomes dos dois...

"- Casa comigo amanhã e depois de amanhã e para sempre?"

Na segunda-feira, ele entregaria o escrito para ela, mas ainda assim dormiria com um sorriso no canto do lado esquerdo dos lábios.

(ele já sabia a resposta dela).



PS: Amanhã te entrego.

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