quinta-feira, 21 de maio de 2009

"Não sei, só sei que foi assim"


"Tudo o que é bom de verdade, nessa vida, deixa você totalmente despenteada.
Fazer amor? Despenteia.
Gargalhar? Despenteia.
Viajar, voar, correr, entrar no mar, tirar a blusa? Despenteia.(...)
Dance, namore, relaxe, viaje, pule, durma tarde, acorde cedo, fique à vontade, fique bem, fique linda e principalmente deixe a vida te despentear.
O máximo que pode acontecer é você ter que, com um sorriso diante do espelho, voltar a se pentear. Porque o mundo está belo. Definitivamente belo."


[Trecho da campanha "Viva e Despenteie-se" da Seda]





.::. Algumas semanas se passaram até eu ter coragem de sentar meu bumbum querido nessa cadeira meio dura, meio confortável pra falar de você. Os dias passaram voando e eu não consegui assimilar bem o que estava acontecendo com a minha inspiração que resolveu ir embora, com o meu bom senso que deu lugar à minha risada de criança e com a minha eterna mania de julgamentos a atos alheios que deu espaço à um juíz bem melhor do que eu sempre fui -- e jamais serei -- só pra julgar meus atos inseguros.


E você apareceu numa hora que a minha insegurança estava tão gritante que quase ensurdeceu a minha vontade de qualquer tipo de amor. Mas por uma sagacidade dos nossos destinos, acabou mesmo ficando só no quase...


E eu acabei nem tendo tempo de olhar direito pra mim, porque eu não estava conseguindo parar de olhar pra você. Você, sem nem ao menos se dar conta, acabou dimunuindo em mim a única coisa que me afastava de qualquer possibilidade de felicidade em um relacionamento com outra pessoa.


O seu altruísmo histérico por mim me fez ver que gostar só de si mesmo não fazia o menor sentido, não tinha a menor graça. E devagarzinho eu fui te entregando os pontos, as pontas, as partes, os pedaços quebrados do meu coração pra você colar com aquela mesma cola forte que você usa na hora que estamos entrelaçados um no outro, respirando vida e quase se afogando nos próprios suspiros longos, na respiração palpitada. Eu me entreguei ao todo e junto com a minha redenção as minhas sílabas foram embora também.


Eu tentei compassar cada palavra que eu te dizia, mas quando me dei conta as palavras que eu pensava em dizer já estavam saindo da sua boca antes mesmo que eu abrisse a minha. Você me lia nas entrelinhas e provava que quando as peças se encaixam perfeitamente os manuais são absolutamente dispensáveis.


Mas eu precisava, de algum jeito, mostrar com palavras minhas, tudo o que eu tenho aqui dentro e não consigo porque a felicidade aguda me emudeceu de uma forma que eu nunca tinha presenciado antes. Eu fico muda pensando em todas as coisas que eu queria dizer e não consigo e acabo meio que asfixiada no turbilhão de sentimentos que estão aqui dentro desse coração e tão estampados na minha cara que só alguém bem idiota não conseguiria perceber. Eu tento me aliviar do seu cheiro, da sua forma e da sua presença pra ver se encho meus pulmões de ar, oxigenando meu cérebro, pra conseguir a explicação plausível pra tanta felicidade.


Mas aí eu percebo que você está em toda parte e respirar você é muito mais perfeito do que qualquer suspiro forçado seria na sua ausência. Eu não quero nunca a sua ausência. E, se esse for um pré-requisito, também não quero nunca minha inspiração de volta.


Obrigada por ter feito dessa hipotética mulher, uma mulher irritantemente feliz de verdade.

[Rani G.]

sexta-feira, 17 de abril de 2009

AS duas estrelas do meu céu são suas.


Não ando me concentrando nas palavras. Queria sentar e a inspiração chegar, mas eu ando focando minhas energias em outro lugar, e como sempre o lugar é você. Tem uma foto sua que eu gosto tanto... Ela é meio tortinha e você ficou todo lindinho. Outra pessoa repararia nos dentes ou em alguma espinha, mas eu não. Até reparo mas é só olhar pros meus olhos e ver que eles não mentem. A minha boca só de ver algum sinal de vestígio teu já começa a querer sorrir levemente. Eu fico lembrando do dia em que nós dois queríamos. Um dia que eu carrego comigo pra onde eu vou, a pedrinha na carteira e o resto tratei de guardar na memória. Cada detalhezinho. O dia que comecei a sonhar em ficar junto com você pra sempre, brigar algumas vezes, juntar os trapos, casar, ter dois filhos e um cachorro. Falaram para mim que a gente não pode falar essas coisas nunca para um homem. Que a gente tem vontade de passar o resto da nossa humilde existência coexistindo com a dele, que você tem vontade de fundir e de falar 'tudo que é meu, é seu'. Mas eu te falei de todas essas coisas. E descobri que esses sonhos eram tão seus também. E descobri que havia mais e que o amor podia muito. Tudo.

// Saíamos com um monte de amigos, eu sorria pra você e só te beijava escondido. ainda assim parecia que todo mundo já sabia! Eu tinha vontade de gritar e contar pra todo mundo quem me puxava no canto pra me dar um beijinho, pra segurar a mão, pra sair no fim de semana e ver o por do sol. Tudo que foi, tudo o que é nosso eu guardo em mim. Eu que cheguei a pensar que deveria ter me livrado de tudo antes, quando ainda havia tempo, quando ainda não era tão viciada em você. Quando eu ainda não falava alto pra você olhar pra mim. Quando eu ainda não passava minhas tardes atualizando meus emails pra ver se chegou notícia sua. Quando eu não passava os dias esperando você me ligar. Quando, antes disso tudo, um abraço não me fazia tremer. Ah, é, teve aquele abraço também(...). No celular, eu contava pra minha amiga da vez que tínhamos ficado juntos, de como tinha sido lindo. Eu desliguei e você me chamou pra sentar ao seu lado. Você me abraçou e a gente conversou como se não tivesse sido só mais um beijo, porque não foi... Como se já não tivéssemos notado que já haviam se passado 10 anos de pois que toda essa história de paixão, amor e blá blá blá começou. Porque não é qualquer eu; qualquer você. Somos nós. Nós que nos conquistamos de alguma forma, nos merecemos, nos completamos, combinamos.

E hoje eu quero só agradecer. Agradecer o quanto você me fez feliz naquele oito de agosto. Foi rápido, mas quando eu ouvi de você, meu melhor amigo que 'queria tentar, que acreditava em nós', eu senti que tudo nos últimos meses tinha valido à pena. Na hora, eu senti coisas que percorreram meu corpo inteiro, eu me sentia orgulhosa de mim mesma. Eu olhava pra você e pensava 'nossa, foi você que eu esperei 10 anos e agora estou aqui; tua mão na minha'.

E é aí que você me deixa tão frágil... Ou tão forte, quando você começa a mexer com meus dedinhos do pé que são tão miudinhos. E mais forte quando brinca com meus cachorros e me mostra um homem carinhoso. E mais e mais forte quando brinca com seu afilhado lindo que dança com você e você o trata como se morresse de vontade de construir uma família e me enche de vontade também todos os dias. E mais e mais forte ainda quando vem na minha casa as duas da tarde e eu abro a porta mesmo ainda estando de pijama porque perto de você eu me sinto segura. Acho que sua missão na minha vida é me fazer feliz. Porque mesmo que a gente não saiba do amanhã, ficar no calçadão sentindo meus cabelos se despentearem quando bate o vento e rir pra você e te ouvir dizer: 'você é linda até de manhã, como pode?' me abastece e me dá vontade de ter mais 9 cachorrinhos só pra você brincar com todos eles. E ainda que a gente não saiba do amanhã, a gente sempre terá tudo.

// E pensar que quando você beijava tanta gente na vida e achava que as nossas bocas nunca se tocariam porque éramos proibidos um para o outro, o que a gente sentia quando estávamos perto já era amor. Já era amor porque só a gente sabia que aqueles nossos programas com um monte de amigos era só uma desculpa pra gente ficar mais perto.
***
Luana Magalhães

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Para um menino com uma flor- Tati Bernardi


Acabo de chegar em casa e ver tudo diferente.
Ainda estou fechando os olhos e tentando encontrar a parte mais quente das suas costas. Ainda estou com este riso bobo na cara, matando a saudade de ter quinze anos e uma vida linda pela frente.
Ainda assim, ainda que amanhã chegue para estragar tudo, poder chegar em casa e ver tudo diferente já são milhões de quilômetros rodados.
Zilhões.

Você não sabe, nem sonha, mas você acaba de zerar minha vida. Minha vida era vestir a armadura e relembrar com dor pela milésima vez todos os últimos podres de todas as pessoas podres que passaram ultimamente pela minha vida. Você acaba de zerar tudo. Com a parte mais quente das suas costas, com o seu medo de beijo na orelha e com o seu jeito de se desculpar por falar demais e balançar os pés, você acaba de me salvar. Este texto é pra te falar uma coisa boba.
É pra te pedir que não tenha medo. Sabe esses textos que eu publico aqui falando bobagem? Sabe esses textos falando que eu sei disso e sei daquilo? Eu não sei de nada. Eu só queria ser salva das pedras, eu só queria aprender a pegar carona nas ondas. Eu só queria poder chegar em casa e ver tudo diferente. Ver tudo bonito. Ver tudo como de fato é. E você salvou minha vida. O mundo está lindo. Não tenha medo. Eu só queria que esta minha vontade de perdoar o mundo durasse. Hoje eu não odiei o Bradesco, a Vivo, meus pais, o IPTU, o motoqueiro que me manda ir mais para o lado, o cara que fala caipira, aquela garota que você sabe quem é. Hoje eu não odiei nada nem ninguém. Eu apenas fiquei lembrando, a cada segundo, que você se desesperou pra encontrar meu brinco de coração. Você quis encontrar meu coração pequenininho no escuro. E você encontrou. E você salvou meu dia, minha semana. E salvar meu dia já são zilhões de quilômetros. Você é meu herói. Não tenha medo deste texto. Não tenha medo da quantidade absurda de carinho que eu quero te fazer.
Nem de eu ser assim e falar tudo na lata. Nem de eu não fazer charme quando simplesmente não tem como fazer. Nem de eu te beijar como se a gente tivesse acabado de descobrir o beijo. Nem de eu ter ido dormir com dor na alma o fim de semana inteiro por não saber o quanto posso te tocar. Não tenha medo de eu ser assim tão agora. Nem desse meu agora ser do tamanho do mundo. Eu estou tão cansada de assustar as pessoas. E de ser o máximo por tão pouco tempo.
E de entregar tanta alma de bandeja pra tanta gente que não quer ou não sabe querer.
Mas hoje eu não odeio nenhuma dessas pessoas. E hoje eu não me odeio.
Hoje eu só fecho os olhos e lembro de você me pedindo sem graça para eu não deixar ninguém ocupar o lugar da minha canga.

Tudo o que eu mais queria, por trás de todos esses meus textos tão modernos, sarcásticos e malandros, era de alguém que me pedisse para guardar o lugar. Tá guardado. O da canga e de todo o resto. Talvez você pense que não merece este texto. Há quanto tempo mesmo você me conhece? Alguns anos?
Mas você merece sim. Hoje, depois de muito tempo, eu acordei e não me olhei no espelho. Eu não precisei confirmar se eu era bonita. Eu acordei tendo certeza. Não tenha medo. Eu sou só uma menina boba com medo da vida.
Mas hoje eu não tenho medo de nada, eu apenas fecho os olhos e lembro de você me dando aquela flor, fazendo piada ruim às sete da manhã, me lendo no escuro mesmo com dor de cabeça. Eu posso sentir isso de novo. Que bom.
Achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou me sentindo uma idiota. Sabe o que eu fiz hoje?
As pazes com o Bob Marley, com o Bob Dylan e até com o ovomaltine do Bob's. As pazes com os casais que se balançam abraçados enquanto não esperam nada, as pazes com as pessoas que não sabem ver o que eu vejo. E eu só vejo você me ensinando a dar estrela. Eu só vejo você enchendo minha vida de estrelas. Se você puder, não tenha medo. Eu sou só uma menina que voltou a ver estrelas. E que repete, sem medo e sem fim, a palavra estrela no mesmo parágrafo.
Estrela, estrela, estrela.
Zilhões de vezes.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Aham...

Sem usar frases dos outros, sem copiar trechos de músicas, nem nada...
Do meu jeito meio desastrado e ansioso eu só quero dizer que gosto de você. Gosto porque quando rimos juntos o mundo pára e porque do nosso jeito a gente se entende, se abraça, se completa, se soma. Gosto porque tem o melhor cheiro, o melhor abraço, o melhor sorriso, a melhor voz, o melhor peito pra eu encostar minha cabeça e descansar do mundo. Gosto porque somos o casal tipão, sou tua menina... e você é o meu tudo: Amigo, companheiro, namorado, amor... É a vítima das minhas idéias malucas e a única platéia que me escuta quando eu invento de cantar. E pra nós dois o coração bate palmas, a vida grita, Deus sorri.
Gosto de você porque gostar não faz sentido nenhum, ou faz todo, não sei...
Gosto, e gosto tanto, tanto, tanto, que sem dúvida nenhuma eu te amo.
Aham, eu te amo...
Maria Verônica Sá

Amor, jazz e vinho barato.






Das duas, uma. Ou você leu meu manual de instruções ou você tem uma bola de cristal em perfeita sintonia comigo. Só pode ser. Porque não é possível alguém ser assim. Alguém que me trata como uma princesa. Que faz todas as minhas vontades. Que despenca de tão longe pra me ver por tão pouco. Não é possível alguém ser tão tudo de bom e fazer tão do jeito que eu gosto. Não é possível uma sintonia tão fina. Uma perna tão grossa. Uma cabeça tão macia. Eu sabia que esse dia ia chegar. E chegou como um samba de carnaval. Me arrancou do chão. Aumentou minha pulsação. Me levou junto. Eu sabia que um dia eu ia fazer tudo certo. E agora eu entendo porque. Porque agora todas as peças se encaixam e não falta mais nada. Você fez a aposta. Eu perdi. Perdi noites de sono em baladas freqüentadas por garotas de saias e cabeças pequenas. Por playboys deslumbrados, com algum dinheiro e nenhum pedigree. Por corpos sarados e mentes doentes. Festas com muita pose e pouca atitude. Com convites que custam caro e pessoas que se vendem por tão pouco. Me perdi e não encontrei ninguém. Torrei meu dinheiro e minha paciência. Estourei meu cartão de crédito e, por pouco, não estouro meus tímpanos. Mas, quer saber? Cansei de música alta. Prefiro quando você fala baixo no meu ouvido. Prefiro ficar vendo os aviões brancos dando rasantes sobre nossos corpos tintos. Prefiro você suave. Prefiro o silencio dos seus olhos me dizendo que me ama. Prefiro sua voz de madrugada. Prefiro quando você se perde nas notas. Prefiro sua música, seu tom. Por você, eu dei uma nova chance a mim mesma. Eu dei minha cara a tapa. Por você, eu voltei a acreditar no amor adolescente e a ter calafrios na espinha. Por você, comecei a ter ciúme. Por você, posso largar música agitada e aprender a gostar de jazz. Por você, eu largo os vinhos baratos, os xampus caros e as roupas curtas. Porque quando você está dentro, não existe mais nada lá fora. O mundo acaba aqui, na gente. Porque você me faz tão sua. Porque você me faz tão eu.


Brena Braz.

sábado, 11 de abril de 2009

Muito amor - Tati Bernardi


"Para os grandes, eu penso. E viro a cabeça pra pensar em outra coisa. É mais feliz gostar, amar é pra quem pode. Mas você ou a vida ou sei lá. Insiste. E então chega enorme. E só me resta rir que nem quando vejo um bebê muito pequeno e lindo. Você ri. Vai fazer o quê? É o milagre maravilhoso da vida e eu ficando brega e cheia de medo e cheia de vontade de te contar tantas coisas e nem sei se você gosta de ouvir meus atropelos. Muito amor.
E então fico querendo não trair a beleza. Com você sinto a fidelidade de ser tranquila. Um pacto de paz com o mundo. Pra não me afastar de você quando estou longe. E é impossível então que os martelos do apartamento de cima sejam realmente martelos. E é impossível que as chatices do dia sejam realmente sem solução. E os outros caras, aviso, olha, é amor. É amor. Ainda que eu quisesse, não consigo mais nem um centímetro pra você. Desculpa. O amor é terrivelmente fiel. Porque ele ocupa coisas nossas que nem existem nos sentidos conhecidos. É como tomar água morna depois de ter engolido um filtro inteiro de água geladinha. Ninguém nem pensa nisso. Muito amor.
De um jeito que era mesmo o que eu achava que existia. E é orgânico dentro da gente ainda que vendo de fora não pareça caber. O corpo dá um jeito. Minha casca reclama mas incha. Tudo faz drama dentro de mim, ainda que nada seja realmente de surpresa. Sentir isso era o casaco de frio que sempre carreguei no carro. Cansado, abandonado, amassado, sujo, velho. Mas, de repente, tudo isso desistente tem serventia e a vida te abraça. O guarda-chuva do porta-malas. A bolsa falsa do assalto que minha mãe mandava eu ter embaixo do banco do passageiro. Sentir isso é os trocos que você guarda pra emergência. Amar grande é gastar reservas e ainda assim ter coragem pra dar o que não se tem. Amar grande é ter vertigem no chão mas sentir um chamado pra voar. Amar grande é essa fome enjoada ou esse enjôo faminto. É o soco do bem na barriga. É mostrar os dentes pra se defender mas acaba em sorriso. É o sal que carrego no fundo falso da bolsa pra quando eu não aguentar a vida. É o açúcar que carrego junto. É tudo que pode sair do controle. É meu corpo caindo. É o desespero aconchegante.E as almofadas de várias cores pra me dizer que pode dar certo."

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Eu e Ele... enquanto amigos...


"Eram bonitos juntos, diziam as moças. Um doce de olhar. Sem terem exatamente consciência disso, quando juntos os dois aprumavam ainda mais o porte e, por assim dizer, quase cintilavam, o bonito de dentro de um estimulando o bonito de fora do outro, e vice-versa. Como se houvesse entre aqueles dois, uma estranha e secreta harmonia."

Caio Fernando Abreu